Orgânicos vão além do cultivo sem veneno

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O principal benefício do cultivo livre de agroquímicos está nos alimentos que são consumidos crus

A agricultura orgânica não é só o cultivo sem o uso de agrotóxico e adubos químicos. Ela deve passar por um período de adaptação e obedecer a várias exigências. Para ser considerado um produto orgânico, por exemplo, é necessário um selo de certificação, emitido por entidades como a IBD ou o Ecovida.

Para que uma produção seja considerada orgânica e tenha condições de conseguir o selo de certificação é necessário passar por uma fase de transição, que varia de um a dois anos dependendo da cultura e das condições iniciais da propriedade. Nesse período é necessário efetuar controles alternativos de pragas, doenças e deficiências nutricionais, pois o solo não está totalmente adaptado à cultura orgânica.

O mercado de organicos vem se estruturando e cresce no Brasil, em média, 22,5% ao ano, segundo o Centro Internacional de Comércio. No Paraná a produção aumentou de 4.367 toneladas e 450 produtores em 1996 para 35.539 toneladas e 3.077 agricultores em 2001. Em Maringá hortaliças produzidas no sistema orgânico podem ser encontradas na Feira do Produtor, Feira Verde e em alguns supermercados, que compram de produtores certificados de Curitiba.

CERTIFICADO ORGÂNICO

A certificação de orgânico pode ser conseguida através de vários organismos especiali-zados. O custo varia de R$ 200,00 para o Ecovida até aproximadamente R$ 1 mil pagos três ao ano para o selo do IBD. Mas para muitos produtores não existe interesse em conseguir o documento.

Sérgio Suzuki tem uma banca na Feira do Produtor onde vende hortaliças há mais de dez anos. Ele conta que quando mudou o sistema de produção, convidou 600 clientes para conhecerem a sua propriedade. Apenas quatro apareceram. Entretanto, a procura por seus produtos na feira aumentou muito, pois além do contato direto com o cliente, ele mantém uma placa informando que trata-se de um produto natural e na embalagem coloca uma etiqueta com os dizeres: “Sem agrotóxicos”.

Suzuki lembra do motivo que o levou a mudar o sistema de produção. “Eu não aguentava mais passar veneno. Estava prejudicando a minha saúde. Eu cansava mais, tinha dor de cabeça”, disse. Suzuki também estava preocupado com a saúde de seus clientes, pois muitos produtos são consumidos crus. Agora além de não usar agrotóxicos, Suzuki utiliza outros métodos para solucionar problemas ocasionais. Nas últimas semanas, por exemplo, com as hortaliças prejudicadas pela chuva, ele repôs o nutriente do solo com palha de café, húmus e farinha de mamona.

MEIO-AMBIENTE

Na adubação Suzuki usa a bio-massa. Ele aproveita o próprio mato para melhorar a qualidade do solo. “Eu não uso esterco por questão de higiene, pois o produto é consumido cru”, comentou. A utilização de esterco é uma questão problemática para a produção orgânica em Maringá. Ogassawara explicou que para usar adubo animal, o esterco deve vir de uma criação num sistema orgânico, inexis-tente na região. “Os animais não podem usar antibióticos, por exemplo. Se o agricultor usar adubo desta origem, as hortaliças não poderão ser consideradas orgânicas”, alerta.

Ogassawara também destaca a importância da produção na linha orgânica para o meio-ambiente. Não polui os rios e nem o solo, não mata insetos e aves benéficas à lavoura, preserva as matas ciliares. “Não é só o uso de agrotóxicos e adubo orgânico, tem uma série de fatores”, explicou. Suzuki testemunhou esta mudança em sua propriedade. Ele produziu no sistema convencional durante quase nove anos. Neste período plantava toda a extensão de sua propriedade, inclusive a margem do rio e utilizava agrotóxicos para matar e eliminar qualquer tipo de praga. Mas o mato e os insetos sempre voltavam.

Ele lembra que o fósforo, existente em grande quantidade no solo de sua propriedade, não era absorvido pela plantação. “Para a planta absorver ela precisava de um microorganismo, que morria com veneno. Hoje eu uso o mato como adubo e a planta absorve o fósforo”, conta. O mesmo ocorre com muitos outros nutrientes existentes no solo.

Fonte: Rede de Agricultura Sustentável

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